quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Nice e a vida - Capítulo IV - Parte 2

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Imaginei ser outro dia quando acordei e vi uma garrafa de água jogada ao meu lado. Estranha essa preocupação comigo, mas de alguma maneira queriam-me viva. Pelo que parecia, a garrafa estava lacrada e mesmo se não estivesse eu teria que tomar, estava morrendo de sede. Tomei e nada me aconteceu. Estava quente ali e senti um vento mais fresco quando abriram repentinamente a porta pela qual passaram ontem. O mesmo homem que sentara na cadeira puxou-me para que eu levantasse e fosse com ele. Era impossível revidar e cedi facilmente. Saímos da sala. Percorremos um enorme e escuro corredor cujas outras portas estavam fechadas e não consegui reparar em nada. Somente no chão sujo, nas muitas lâmpadas queimadas e no silêncio recíproco. Fui levada para o lado de fora de algo que parecia uma fábrica. Sem pintura alguma, deparei-me com tijolos envelhecidos, paredes cheias de musgo e sofrendo com as chuvas. O lugar era bem antigo. Cercado de árvores e de uma imensidão de modo que não era possível ver muros ou divisões no horizonte. Tudo isso foi confirmado quando fui novamente jogado em um carro com as mãos e pés amarrados. O caminho até os portões, do que agora já parecia uma fazenda, foi longo e só percebi quando pararam para abrir passagem e pude me levantar um pouco para vê-lo. Mas, quando perceberam o que chamaram de “atrevimento”, tive um monitoramento especial de um cara ao lado do motorista. Eu não conseguia perceber o tempo passar, só sei que demorou para chegarmos a um lugar repleto de árvores de todos os tipos. Quase não via o sol em meio aos galhos e folhas de todas as larguras e cores. Como nas fotos encontradas na mesa onde os homens vasculhavam na noite passada.
Fui retirada e recebida com as mais ásperas palavras, quando ele me disse:
­– Saia logo desse carro e trate de ficar quieta. Qualquer barulho e você não sairá viva dessa. ­
Fiquei amedrontada no momento, mas não foi o que me impediu de mandar-lhe calar a boca e dizer que meu poeta amado viria me salvar das suas mãos.
Seus canalhas! – eu disse rispidamente.
Ele retribuiu-me com um forte tapa e com meu rosto avermelhado, caí.
Sua besta, não sabe com quem está se metendo. Só não lhe mato agora porque vou receber uma boa quantia entregando-a viva. Espero que cale essa maldita... – Foi o que ouvi dele, antes de desmaiar.

Com o passar do tempo eu sentia o frio aderir à minha pele, congelando-me dos pés à alma. Acordando aos poucos percebi que estava em uma casa, ou algo do tipo, só que de madeira. Em um quarto cuja porta estava aberta. Estranhei. Onde estariam a segurança e os homens? Então me levantei, andei pela casa. Vi como era bem mais cheirosa e arrumada do que a fábrica onde ficara. Porém, com as janelas trancadas. E foi olhando através de uma delas que percebi os guardas armados ao redor do lugar. Observando de janela em janela, contei uns cinco homens.

Continua...



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