terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Nice e a vida - Capítulo III - Parte três


Foi estranho ouvi-lo. As palavras saíam de sua boca como farpas a atravessar meu coração. Ele não confiou em mim naquele dia. E isto me soou estranho. Lembro-me muito bem de suas palavras: “...não me siga nem espere nunca mais.” As duas últimas me deixaram pensativa. Como poderia ser fácil esquecê-lo depois de tanta conversa, tantos olhares? Não era possível. Não para mim. Demorei um bom tempo para me recompor e tentar continuar vivendo até encontrá-lo novamente. O que ainda me intrigava era o fato dele manter segredo quanto ao contrato com o Doutor C e o segredo atrelado a sua vida. Eu não conseguia mais ficar imóvel com tal situação. Segurei-o pelo braço e pedi para que olhasse para mim. Ficamos “cara a cara”, fitamo-nos, e reconheci em seu olhar o desespero de muita mentira e segredo fundidos ao fato de termos ficado longe. Larguei-o e fui ao parapeito da janela para conferir se a penumbra de uma manhã chuvosa era responsável pelo que acontecera instantes antes. Ele abraçou-me por trás e fez com que caíssemos no sofá, juntos, imóveis, intactos. Seu perfume servia-me de consolo por tanto tempo perdido. A essência de nossas almas era de uma simplicidade efêmera, porém real e valiosa. Nossos rostos, gélidos e pálidos, se encontraram. Era possível sentir o calor de suas aventuras e do meu amor. Um beijo foi o responsável por selar nosso encontro. Diante da chuva, dormimos naquele fim de manhã. A conversa de outrora já nos tinha cansado demais. Deixamos a preocupação de lado e dormimos.

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Um tempo, uma vida

   A vida passa. E muito rápido por sinal. O tempo não nos é estranho, é passageiro, veloz. Não nos damos conta de como a reciprocidade da vida nos torna tão rápidos. Mas é o tempo ou a vida? "Quem" nos intriga? São ambos. Um pela agilidade, outra pela realidade.
   Abre-se um paradigma onde relembramos momentos: chama-se sonho. E nele passa a vida, o tempo, o sono. Encontramos sentimentos, cruzamos pensamentos. E o amor nisso tudo onde fica? No olhar e sorriso de cada um para com outro. Um lábio n'outro, um beijo morto, um sentimento feliz, a felicidade solta. Não é preciso encontrar o certo para viver o errado. Mas sim, encontrar-se no certo para contradizer no errado.
   As paixões que se podem viver nesta vida, estão muito além de trocar abraços ou alianças, de olhar fixamente ou simplesmente beijar. Os amores são as coisas apaixonantes, e o sorriso é o clichê de se amar. As atitudes são tantas. Segurar a mão do outro não é afeto, é desejo. Só para acontecer, não basta viver, temos que dar vento ao tempo, para que passe mais rápido e encurte as distâncias dos sentimentos. 
    A beleza não existe, é escondida pela alma. A Alma da paixão e da coisa apaixonante. Da menina, do menino. Da amiga, do amigo. Dela, dele. De todos.
    Não basta amar-te, tem que racionalizar o pensamento, mudar as palavras, aguentar críticas, e ultrapassar as barreiras de teu coração. E a metáfora nisso é a vida. E troque os papéis de amar para o verbo julgar. Tão diferentes, tão longes pelo tempo. Para julgar é preciso amar. Mas para amar basta um sorriso ou olhar. Uma vida. A sua vida. A sua cara. Cara de gosto. A amizade. O desapaixonar perto do apaixonar. O racional par do irracional. A verdade da mentira. O caos perto da calmaria. Eu e tu. Ela e ele. Isto e aquilo. Nós.
   E no plural conjuga-se uma indecisão. Ir ou não ir. Sem dúvida, só certeza. E um pedido. Para que perceba o olhar, o amar... (O valor das reticências como pausa. Afago de mágoas, de alegria e desespero. De vontade.) O suspiro. A doçura. Tu. 

    E ver nessa escrita um passo a mais para aproveitar o resto da vida. Porque ela é feita pra isso. E logo é o ano de mudanças. Lembramo-nos assim.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Nice e a vida - Capítulo III - Parte dois


Achei muito estranho o fato dele ter dito que eu sabia o motivo de sua “fuga”. A única coisa de que me lembrava era de um tal Doutor C, com que fechara um contrato de escrita. Mas nem sei o que é, nem como é, este contrato, ele não me disse nem explicou.
Pedi uma melhor explicação e ele respondeu: “Chega um certo momento em que é preciso entregar as cartas e explicá-las. Este momento é agora. Aquele contrato de escrita de que lhe falei foi um acordo, com o Doutor C. Ele descobriu uma coisa, sobre minhas escritas, o modo como escrevo e fortaleço as palavras. Mas isto, não posso lhe explicar agora. Com este contrato, o doutor me obrigaria a servi-lo, a obedecer seus comandos de escrita, caso contrário eu seria desmascarado. Eu estava vulnerável e só assinei o contrato para ganhar um tempo para fugir. Então lhe encontrei naquele corredor, no momento de minha fuga. Era preciso fugir do Doutor C e dos seu aliados que a muito tempo perseguiram-me. Quando lhe disse que achava estar sendo perseguido, eu tinha certeza da perseguição, mas não poderia deixar isso claro a você. E fugi”.

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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Literatura: epílogo II


"A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida" Fernando Pessoa

"Literatura é a arte capaz de reunir imagens, pensamentos e reflexões colocados em meio às mais específicas frases. É a capacidade de dizer ao mundo os poemas de minh'alma"

"Não basta viver, temos que 'literaturar'"

Gui*

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Nice e a vida - Capítulo III - Parte um


III. Conversa pouco menos que dolorosa

Poucos segundos após minha chegada em sua casa, voltei a ficar imóvel. A chuva que escorria pelas sinuosidades de meu corpo fazia-me tremer de frio. Eu continuava sem coragem de bater na porta, por mais sutil que fosse. Gradualmente a chuva foi aumentando, assim como os calafrios pelo corpo. Minha imobilidade já durava alguns minutos quando ele percebeu que havia alguém em frente à porta. Imaginei que minha sombra pudesse tê-lo assustado, mas logo concluí que não. Ele jamais se assustaria com essas coisas. Então abriu a porta e eu entrei, muda, molhada e espantada com a situação que acabara de encontrar.
Sem uma única pergunta, fui conduzida até a sala, ao lado esquerdo de um sofá, iluminada por resquícios de luz provenientes de um abajur. Na penumbra, só era possível observar a silhueta de seu corpo posicionado ao lado do meu, mesmo que ainda estivesse um pouco afastado. Foi preciso mais alguns minutos para se iniciar o diálogo.
Percebi sua hesitação em me perguntar como o encontrara. E para iniciar a própria conversa. Mas, aos poucos, a troca de palavras tornou-se fluente. Quis saber o porquê de ele ter sumido tão repentinamente. O que me foi respondido ricocheteou em minha mente. Disse-me: “Era preciso fugir. Naquele momento me senti perseguido. Você sabia muito bem o motivo para me encontrar ali, o motivo pelo qual eu gosto tanto da escrita e, naquele dia, não me atrevera a escrever uma só palavra. Você sabia de tudo. Tinha conhecimento do contrato de escrita que fiz. Eu não tinha alternativa, a não ser fugir deles e me afastar de você. Para protegê-la e nada mais.”.

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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Nice e a vida - Capítulo II - Parte seis


Eu via o medo em seus olhos. Mas não tive o que fazer quando ele me fez prometer que não seguiria seu caminho e nem iria procurá-lo, nunca mais.
Foi intrigante e misterioso. Ele me deixou só. Num corredor escuro e sem saber o que fazer. Sem rumo. Ele tornava-se, a cada instante, mais inatingível. Era um poeta, mas um poeta inatingível.
E então fui à sua procura, como já lhes contei. E o encontrei em sua casa diante a rala chuva que escorria em minha face, desviando em meus lábios e inundando meu corpo. Finalmente após dois anos pude reencontrá-lo. Mas nem tudo estava como pensei.
O mundo havia mudado, assim como ele, suas atitudes, seu endereço (que na cadeira da biblioteca me confessara e me custou descobrir o novo, mas o havia feito) sua vida, a minha vida e o seu amor. Era difícil e doloroso vê-lo assim. Mas já era hora de conhecer as “cartas” deste “baralho”. E como num jogo de xadrez, dei-lhe o “xeque-mate”.

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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Nice e a vida - Capítulo II - Parte cinco


As semanas corriam e já se passara mais de três meses. Percebi uma repentina mudança em seu comportamento. O medo em seu olhar era cada vez mais presente. Seus poemas tornavam-se menos “entrelaçantes”. Seu sorriso desatava a cada pessoa que passava despercebida, o que nunca antes acontecera. As conversas ficaram mais rápidas e sucintas. O amor era derretido e a cada instante uma nova gota desperdiçada se perdia no mar de lágrimas provenientes de mim. Todas as noites mal dormidas foram transformadas em noites de tormenta e choro, muita lágrima derramada. Muita falta de pensamento. Eu não sabia o que acontecera. A situação, a cada momento, ficava mais fora de alcance.
Foi quando, em um dia, antes de chegar à biblioteca, nosso local de encontro fora substituído por um corredor. Aquele corredor. Onde ele singelamente me disse que precisava retomar as escritas, que eu sabia por que ele estava ali. Mas eu não sabia. Não tinha a mínima ideia. E ainda afirmou que achavam que o estavam perseguindo e procurando, e não devia deixar as escritas e reflexões em perigo.

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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Nice e a vida - Capítulo II - Parte quatro


Por mais de um mês ficamos a nos encontrar no mesmo local. Para conversar. Somente. E ouvir de sua adocicada voz, resquícios dos poemas mais atingíveis que já ouvi. Eram para mim. Todos, sem exceção. Durante muito tempo, muitos dias e semanas. Minha vida realmente teria mudado. Eu estava apaixonada. Por ele. Pelo poeta. E cada vez mais feliz por isso.
Havia dias em que ele me levava rosas. Das mais perfumadas e acaloradas que eu já tinha visto. O perfume conseguia ser tão presente quanto o dele. O carinho em suas atitudes, em sua voz, sensibilizava-me. Clareava meus caminhos. Perfumava minha vida. As longas conversas estavam longe, mas muito longe, da monotonia de outros tempos. Eu era uma nova moça, uma moça-mulher. E como, cada vez mais, ele me encantava eu não sabia. Era amor na certa. Ou dó de um pobre poeta desalmado. Cujos poemas não serviriam para nada além de alimentar-me as lágrimas suavizadas pelas olheiras das noites mal dormidas. As noites em que pensei nele e em sua poesia.
O mundo mudara para mim. De uns tempos pra cá a vida era a semelhança de uma certeza que eu ainda deveria confirmar. E todos os acontecimentos serviam de afirmação para cada declaração milimetricamente misteriosa. Nosso envolvimento, ao passar dos dias, era firmado por mais um cadeado que nos unia. Eu acabara de conhecer a paixão. Que segundo ele é a “cápsula envolvente de um amor platônico e idealizado como os românticos o fizeram”.

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terça-feira, 9 de outubro de 2012

Nice e a vida - Capítulo II - Parte três


Ele era de uma sensibilidade imensa, a educação e o cuidado como o de quem acaricia as pétalas de uma rosa à espera do orvalho. Seu coração era maior do que o de Iracema, a virgem dos lábios de mel. Seu aroma era como um mar de lírios onde os mais nobres livros devem repousar. E seu olhar me apaixonou.
Ele não era tão alto, tinha os cabelos amarelados como o sol amanhecido e escuros como o entardecer. Até o momento só trocávamos olhares. E resolvi começar a falar. Contei-lhe da escola onde o tinha visto pela primeira vez, do meu curso, de quando o vi novamente, do meu gosto por livros. E não pude deixar de perguntar dele. Sobre o que aconteceu durante nosso “desencontro” imprevisível, sobre os gostos e desgostos, e sobre os projetos de vida. Ele, misteriosamente, respondeu-me que adorava ler e escrever seus poemas, que durante sua saída daquela escola (em que estudamos juntos) ficou escrevendo descontroladamente. E por fim, disse-me que cada passo de seu dia era uma trama de mistérios onde um poeta, às vezes romântico, tinha que preocupar-se com as possibilidades e desafios encontrados. E que não seria difícil dialogar com uma pessoa tão exploradora de livros como ele. Era a mim que ele se referia. Ele saiu. Eu saí. E naquela biblioteca, os livros eram cúmplices de um dos momentos mais importantes de minha vida. O momento do reencontro com meu passado, com o garoto que por tanto tempo me intrigou. Cada página, cada letra, ouvia a suave voz do poeta e da dama. Uma história acabava de começar e o “Era uma vez...” provinha dos saberes entrelaçados em cada livro ali presente. A luz apagou-se, e na penumbra, a cadeira onde ele havida sentado ficou a espera de um novo amanhecer, onde novas conversas tão enigmáticas e apaixonantes seriam tecidas e contracenadas por tão bons atores como nós mesmo fomos.

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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Nice e a vida - Capítulo II - Parte dois


Passaram-se mais uns cinco anos. Minha vida estava basicamente estável. Nada de mais, nada de menos. Sem excessos ou virtudes. Era um jogo de sobrevivência. Comia para não morrer de fome, estudava para conseguir, talvez, um emprego melhor. Sim, eu trabalhava como balconista em uma livraria. Um sebo na verdade. E ganhava muito pouco.
Na faculdade onde estudava eram poucos os amigos. Na verdade, nenhum. Só os famosos colegas de sala que nada mais fazem a não ser acompanhar-me no intervalo. E uma série de trabalhos estava por vir. Eu, como sempre, estava sozinha nesta jornada, passando o dia inteiro na biblioteca da faculdade estudando, fazendo e refazendo os trabalhos. Pesquisando e pesquisando mais ainda. E foi em um desses dias, à tarde, que reconheci uma pessoa que nunca tinha visto por lá e por alguns anos não via em lugar algum. Era ele. O garoto. Mas não tive coragem de me aproximar. Na realidade foram dias até que eu me adaptasse a sua presença diária e repentina na biblioteca. Até que ele mesmo lançou-me olhares. Cada dia um mais intrigante. E resolvi me aproximar. Cabelos embaraçados ao vento e com as armas que eu precisava para me afastar rapidamente se for preciso: minhas pernas e minha coragem.

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domingo, 30 de setembro de 2012

Um teatro, uma vida, uma escolha

   Pela segunda vez estive em um palco me apresentando para muitas pessoas. Com a criação do projeto Pérola Cultural, em minha escola um ano antes, os aprendizados de dança, música (coral), flauta e teatro foram reunidos em um espetáculo detalhadamente planejado. Ano passado, pela primeira vez, me apresentei. A emoção em decorar algumas falas, em apresentar tudo isso para um público bem maior que o imaginado e ainda por cima, aguentando o "frio na barriga". Foi difícil, um período de conquistas, de sonhos, de felicidade. Cada passo dado ao sair do palco deixava-me mais próximo do teatro. Não era somente divertido, era imensamente maravilhoso.
   Um ano se passou e meu gosto pelo teatro só aumentou. Poder me expressar artisticamente e de uma forma tão natural, tão viva e especial. O teatro acabara de aderir à minha vida, mas antes de me convencer, era preciso uma última prova de que dele eu nunca mais ousaria me separar. 
   Comecei, no início deste ano, a frequentar as aulas de teatro da escola. Junta à turma, os jogos teatrais e os diversos exercícios cênicos eram protagonizados por nós: jovens. A turma era pequena, seis alunos. Eu e mais cinco meninas. Sem contar um pessoal de outras idades e anos compondo outros grupos. Em plena véspera de férias ficamos sabendo da certeza de enfrentarmos mais uma vez o palco. Num espetáculo intitulado "Era uma vez...". As férias passaram e, com personagens e falas em mãos, restou-nos estudar o texto, ensaiar e ensaiar novamente. Foi preciso manter a concentração e dedicação para tornar-se possível uma boa apresentação. Claro, não faltaram ensaios para marcar saídas e entradas com as outras turmas da escola. Mesmo assim, o tempo parecia curto. Muito curto.
   Chegara o dia da apresentação. Com as cenas prontas e devidamente ensaiadas, só restava-nos agradecer pela ótima oportunidade. Eu e as cinco meninas retomávamos o texto a cada dois minutos, para aperfeiçoá-lo cada vez mais. E com isso o tempo foi passando, chegamos no teatro e ficamos na espera do início do espetáculo. Tudo mudou, o "jogo" acabava de se inverter.
   Foram minutos extremamente angustiantes. As falas pareciam fugir de nossas cabeças e, por mais incrível que pareça, eu não tinha o medo do ano anterior. Mas elas, minhas companheiras novatas o tinham, e muito.    Eram constantes as perguntas como: "será que vou conseguir?", "será que vou esquecer, ficar envergonhada em frente aos vários conhecidos?" "será que terei coragem?". Difícil era responder. Mas, aos poucos, nós seis nos unimos, com pensamentos positivos, rituais e coisa e tal. Agradecimentos e pregações do tipo: "inspirar a luz e soltar a tensão". Sem contar os famosos "Merdas" tão ditos, e tão bons. E não há controversas. Via nos olhos delas o desespero de "primeira viagem". O nervosismo tão presente em todas, até nas que pareciam mais preparadas. Elas tremiam, nervosas, ansiosas, preocupadas. Como já havia passado pelo mesmo um ano antes, tentava confortá-las, mas quê sabia eu sobre isso, afinal era apenas minha segunda peça. Mesmo assim, fique forte, aguentei a pressão, pois percebi que, naquele momento, enquanto o professor também se preparava e ajudava outros nos camarins, eu tornava-me parâmetro pra elas. Parâmetro de confiança e controle que, mesmo não estando assim, era preciso manter a "pose", para que não se sentissem desapoiadas. Era difícil pra mim e pra elas. Mas, tentei presenteá-las com a segurança e a fala de que tudo daria certo, que era mais fácil do que parecia, e que bastava concentrar-se e incorporar o personagem, sabendo o momento certo de um improviso, caso preciso. A nossa cena era a segunda, e a cada segundo que a antecedia deixávamos nervosos ao extremo. Os lances de luz, as mudanças de cor em nossas faces representavam o tempo, que passava muito rapidamente. O momento tão esperado acabava de chegar.
   Sete segundos de uma música serviriam como sete mandamentos para nós. Era preciso nos preparar para encarar o palco, o público, os amigos. 1seg. e o coração começava a acelerar e o batimento era mais rápido e tudo passava em nossa cabeça, assim como os próximos 4 segundos e todo o texto já decorado queria desaparecer e ficávamos ofegantes e esquecíamos de vírgulas e de frases e de textos e da tão querida gramática que não permite tantos "e`s". Respirávamos e nos dois próximos segundos a consciência nos faltou. O ar sumiu. O cheiro era de palavra, de cena, de luz. A temperatura aumentava. O racional era substituído pelo irracional. O corpo estava ligado no automático, o pensamento em câmera lenta, as mais de trezentas pessoas eram como vultos que nos esperavam junto à "luz do fim do túnel". Entramos no palco e, com o foco em nossas cabeças, começamos a cena, encaramos o público, engolimos o medo, respiramos a arte, a vida. Terminamos, saímos do palco, e a cada aplauso, a consciência era retomada. Tínhamos a certeza, então, que tudo dera certo. Corremos de encontro uns aos outro e, com um abraço comunitário, confirmamos o que foi tão dito: que ocorreria tudo bem. Rimos abraçados e agradecemos pelo momento, pela oportunidade, pelo "friozinho na barriga", pelo teatro existir, pela arte existir, por aguentarmos tudo aquilo juntos e por sermos parceiros teatrais. A cada nova entrada e retirada dos palcos nos encontrávamos e parabenizávamos uns aos outros.
   Um tempo depois a peça terminou, nos despedimos, fomos encontrar outros amigos que nos apreciaram. E eu acabara de conseguir a última prova de que falei. A minha vida era o teatro, ele tinha enorme importância pra mim. E como retomada de consciência, numa epifania momentânea, lembrei-me de uma querida amiga, professora, que muito me influenciou no gosto pela arte, no amor pelo teatro. Ela, minha professora de teatro até a sétima série, lá no sul, a Joanna. Como a agradeço! Por um momento percebi que o teatro era mais importante para mim do que o imaginado. E que se eu aceitar essa jornada, será mais difícil e íngreme do que o pensado, porém será feliz, divertida, artística, do modo que gosto, podendo me expressar pelo teatro e viver por ele se possível.

   A decisão é difícil, ainda não foi tomada, mas é com essas palavras que tento explicar o que senti quando, sobre isso, pensei!!!




   

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Nice e a vida - Capítulo II - Parte um


II. O início de um encontro



Eu recentemente havia me mudado para aquela cidade. Depois da morte de meu pai, eu e minha mãe não tivemos outra opção. Ela foi á procura de um emprego e eu de dar continuidade ao último ano de minha formação estudantil antes da faculdade. Foram tempos muito difíceis. Ao encontrar emprego, minha mãe tornou-se ainda menos presente e eu passava mais tempo na escola, do que em minha própria casa. Era tudo diferente pra mim, novos amigos, nova turma, nova escola. E em meio ao caos só não pude deixar de notar um garoto um tanto quanto diferente. Nunca tinha falado com ele diretamente. Muito menos lembrava seu nome. Aí que mais me culpo.
Cada dia que se passava minha curiosidade em descobrir quem era este garoto só aumentava. Mas evitei me aproximar, não queria que ninguém percebesse, ou que isso, de alguma forma, pudesse fazê-lo se afastar. Durante muito tempo o segui. Só que de nada adiantou, ele mudou de escola e temi que a culpa disso fosse minha. Para completar, minha vida já estava muito turbulenta. Com minha mãe doente nada me adiantou fazer. Foi o mesmo que esperar sentado o recibo de morte confirmada. A doença já estava grave e os recursos para o tratamento eram razoavelmente escassos. Ela morreu. E as lágrimas despejadas serviram simplesmente para confirmar o preço do túmulo. Eu estava sozinha novamente, como nos longos períodos que passava na escola. Sozinha, deveria trilhar meus caminhos em busca de um rumo para minha vida. O turbilhão já havia sumido. E o garoto também.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Nice e a vida - Capítulo I - Parte três


Passaram-se horas e eu, com eles, esqueci-me dele. Momentaneamente.
Sim, era outro dia e eu acabava de acordar em meu famoso quartel. Meu quarto querido. Sem me esquecer dele. E morrendo de vontade de encontrá-lo. E fui.
Por sorte, estava na casa. Na mesma casa onde me olhavam ontem. E era ele. Ele que me olhou fixamente. Só que o nervosismo não me tinha deixado perceber. Como pude esquecer de meu querido Poeta tão amado? E pensar que ele me deixou só, naquele corredor, dizendo “Preciso retomar minhas escritas alucinadas, afinal, você sabe por que estou aqui. Seguirei meu caminho e você prometerá não me ir atrás. Tenho a leve impressão de que me perseguem e me procuram, estou com medo e não devo deixar minhas escritas, minhas reflexões de um poeta mal amado, correndo perigo. Não me siga ou me espere nunca mais.”. Correr atrás dele poderia ter mudado minha vida. Mas não o fiz. Havia prometido. Recolhi-me os cacos, como já lhes disse, e fugi. Se é que posso fugir, afinal já estava sozinha e nada e ninguém me perseguia. Imagino.
Sei como tudo deve estar confuso para você. Por isso, falarei sobre mim e sobre ele, o Poeta inatingível.

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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Nice e a vida - Capítulo I - Parte dois


Andando um pouco mais, passei pela biblioteca que durante muito tempo frequentei. Antes de conhecê-lo. Lá, os livros eram como as âncoras dos navios, impedindo-me de sair sem terminá-los, de sair ao caos e afogar-me nas grotescas ondas de um mar profundo. E foi o que fiz. Afoguei-me. Mas, nos livros. O cheiro da página virada dava-me fome, fome de lê-lo e relê-lo e relê-lo. Lá, cada estrofe era uma vida que se renovava, uma parte do livro que se acoplava em meu mundo, junto às ideias mirabolantes de ser uma leitora, escritora e amante fiel dos livros. Corri.
Por um instante pensei ter feito a coisa certa, mas de certo só o errado acerto. A chuva continuava e meu cabelo, já ensopado, não tinha mais forma. Continuei caminhando para então, parar e lembrar-me de mais uma das entranhas de minha vida, minha vida cruel. Lembrei-me dos tempos em que estudei naquela escola. Das brincadeiras escassas de maldade, cheias de prazer, dos amigos, professores, dos cantos e recantos, das vidas lá vividas e de cada peça do meu quebra-cabeça vital lá reconstruída. O portão, lembrava-me dos sonhos que lá tive e que lá ficaram guardados, vigiados pelo cadeado que o trancava.
Mas me deixem ir. Lembranças fazem-me escorrer lágrimas. E continuei a correr. Correndo na chuva. Se é que choveu, pois corri boa parte do percurso desperdiçando lágrimas. Inesgotável. A cada passo, as lembranças dos nossos momentos juntos não me saíam da cabeça. Eu me arrependia mais, e mais e mais de ter corrido quando passava em frente a sua casa. Mas como falei, foi minha já esgotada coragem, que sumiu sem deixar rastros. Continuei andando até encontrar uns amigos e assim, me recompor.


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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Nice e a vida - Capítulo I - Parte um


I. Á procura dele



            E pensar que correr por aquele corredor poderia ter mudado minha vida. Não. Já foi. Já passou. E o que sinto, não faz mais diferença agora. Ele saiu, me deixou e só resta recolher-me os cacos e fugir.
            Assim me senti no primeiro dia. Quando nos aproximamos, não sabia mais como construir meu mundo. Se recolhia os cacos, ou reconstruía com novos materiais. Essa foi a dúvida.
            Então, saí correndo e cá estou, neste beco (se é que posso chamar quarto de beco, afinal é onde me recolho nas fraquezas e virtudes) sozinha. Não sei o por quê? Nem como isto aconteceu. Mas vou começar do próprio começo. Se é que me permitem tal falta de comprometimento com ela, a culta norma.

            Aos poucos me preparava para o momento. O momento certo daquilo.
Passei pela casa dele logo de manhã, junto à translúcida chuva matutina. Onde cada pequena gota escorregava pelo ar não tão poluído, como o diamante a escorrer do olhar. A meu ver, a casa estava escurecida, a treva haveria passado por ali também, como em toda casa onde se deixa sonhar livremente e pelo tempo que for preciso. Não percebi que dali olhavam-me. E nem como isto mexeu com minha vida, quebrando o cristal mais precioso, a coragem, e deixando-me na dúvida. De ir ou não ir. Voltar ou não voltar. Ou como diz Hamlet: “Ser ou não ser”. Tal dúvida não me deixava consolar aos pensamentos.



Continua na próxima semana...

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O preço da liberdade


Até que ponto somos livres para escolher o que comemos, pra onde vamos, o que estudamos? É possível ter liberdade pra conduzir nossa felicidade?

São perguntas difíceis de responder e mais fáceis de questionar. Não somos livres para tomar nossas próprias decisões á respeito da vida, do mundo. Por todos os lados as interferências em nossa opinião só tende a aumentar. Muitas vezes, alguns acham que tendo dinheiro serão mais livres que outros. Na “Ilha das Flores” isto realmente acontece. Quem não tem dinheiro para comprar a própria comida, come o resto. O resto do que os porcos não comem. Da comida estragada, suja, jogada fora. É o que sobra. É o preço a ser pago pelos que não tem condições financeiras para serem livres. Mas cadê a liberdade? A única resposta, é que, para estas pessoas não existe, nem mesmo a distinção de animal para ser humano. A vida é esquecida e sobrevive quem tem tempo para selecionar o melhor do pior da humanidade. A desigualdade. A liberdade dos que lá vivem é totalmente irreconhecível, inexistentes. É tão sonhada e tão impossível.

Vivemos condenados em um mundo onde cada opinião é julgada e rejeitada quando bem entendemos. Onde nossos valores são contrapostos e sobjulgados. São esquecidos e somente aceitos quando convém aos que tiram vantagens disto.

A vida não está tão livre quanto pensamos. A felicidade só nos é oferecida, quando pagamos caro por ela. E a liberdade de todos já não existe, é de uma minoria “ditadora” das regras, e com dinheiro para pagar o preço da vida. E como nos disse Montesquieu, "A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis consentem".

Abaixo o vídeo "Ilha das Flores", para pensarmos mais sobre o assunto!!!


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Morte de Tinta

   E para terminar a "Trilogia Mundo de Tinta" temos Morte de Tinta, mais um maravilhoso livro de Cornelia Funke!!!

   E neste livro, a continuação da aventura é o que mais nos intriga. Desde que Meggie, Mortimer e Resa "entraram" no livro, no Coração de Tinta, Elinor está desesperada.
   Mortimer, o intitulado Gaio, vive as aventuras que jamais teve coragem de apreciar. E em meio ao caos, alguns personagens ganham a cena, entre vilões e vilãs temos vários, dese Pardal até Cabeça de Víbora. E juntando-se a Meggie e Farid, temos um terceiro, formando um trio pelo qual Meggie terá muitas dúvidas. Entre um e outro. E a decisão fica cada vez mais difícil.
   Sem acabar com a magia de um história bem-lida, conto-lhes somente que em meio as brigas e fugas, o reencontro de Elinor com os outro se dá dentro do livro e o vilão, é claro, fica cada vez mais misterioso. Evidente que com ajuda de uns e outro, é possível averiguar um final totalmente inesperado e excepcionante... De modo que não conto-lhes os detalhes. O melhor é descobrir por si só!

Abaixo, algumas citações do livro muito interessantes:

"O caminhante escolhe a trilha, ou é a trilha que escolhe o caminhante?" Garth Nix, Sabriel

"E ás vezes em um velho livro/Está marcado algo de inconcebível escuridão./Ali, onde estivestes um dia./Para onde você escapou?" Reiner Maria Rilke, Improvisationen aus dem Capreser Winter III

"Há algo nela que foge às palavras." John Steinbeck, Travels with Charley: In search of America

"'sem problemas!', exclamou Aber, a poupa. 'Toda história que tenha algum valor pode suportar um pouco de embate'" Salman Rushdie, Haroun e omar de histórias

"O cheiro de terra úmida e vegetação nova se apodera de mim, aquosa, escorregadia, com um gosto que lembra o ácido, como casca de árvore. Tem cheiro de juventude; tem cheiro de coração partido." Margaret Atwood, O assassino cego

"Porém, tudo aquilo era apenas o espanto da noite, fantasmas do espírito caminhando na escuridão." Washington Irving, The legend of Sleepy Hollow

"Nenhuma de nós era a verdadeira autora: seu punho é mais do que a soma de seus dedos." Margaret Atwood, O assassino cego



Espero que gostem, apreciem e leiam o livro!!!


domingo, 26 de agosto de 2012

“Nice, biografando-a”


  
   E para introduzir você, leitor, na vida de Nice, coloco esta breve biografia misteriosa da personagem!!!



“Nice, biografando-a”


            Ela, que com a vontade que tem, vive intensamente, valorizando cada palavra, cada cor, cada sentir. Procurando cada vez mais se expressar, mergulhando nas palavras e espalhando-as por toda a parte, em todo o mundo. Com seus cachos cor do réu, atacados por olhares e laçados por amores.
            Aos passos e tropeços se dedica a revirar o mundo, por mares não sonhados em busca de uma interpretação séria do que é ser ela.
            Lendo, lendo e lendo se cria, se transforma e deforma. Assim como ela, que conhece, reconhece e interage facilmente aos que a ti recorrem.
            Fugitiva de seu “eu”, transcreve loucamente sua paixão tampouco revelada. Sua empreitada a enfrentar pelo amor, pelo sonho, pela certeza de que um dia dará certo.
            Assim, fala aveludadamente de se dom, seu tom, sua perspicácia. E retrata seus ideais, criticando fugitivamente sua leal escudeira, sua paixão certeira, seu tecido a ser desfiado pelo olhar.
            E você? Como? Por quê? Esqueceu dela? Que com sublimes manchas marcou, como a brisa a movimentar sucintamente o orvalho amanhecido.

            Nice, cadê? Por quê?
            Para onde foi?
            Onde andas?

            Inspiro-te!

sábado, 25 de agosto de 2012

Pela primeira vez....

    Anuncio com este post, que à partir de hoje, toda semana terá uma postagem sobre uma aventura, uma história e algumas dúvidas, um amor inatingível, e as consequências disto tudo. Toda terça-feira (3a) uma nova postagem sobre "Nice e a vida!"....

    Espero que gostem!!!


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Entrevista com um Jô!

   Nesta postagem uma entrevista bem especial.... É com meu professor de inglês, o Jô, da escola onde estudo atualmente... Desde o começo do ano tive essa ideia de fazer uma entrevista com ele. As reflexões e discussões durante as aulas, vinculadas aos temas apresentados era o que aumentava a vontade de concluir a entrevista.... Foi aí que enviei as perguntas, sobre a vida, o emprego, a aula, que agora estão aqui!!!
   Espero que gostem e apreciem!!! Só tenho a agradecer ao Jô pela entrevista!


Entrevista:




1 – Como surgiu seu interesse por essa área de “línguas” em que trabalha?

Jô - Quando completei 13 anos minha mãe resolveu me colocar num curso de inglês a ser pago com muito sacrifício, primeiro porque naquela época não havia tantas escolas de inglês e segundo porque minha família não tinha muitos recursos. Estudei durante três anos completando o curso. A escola me ofereceu para fazer um curso de conversação e minha mãe concordou em pagar por ele.
Quero deixar claro aqui que sempre gostei de inglês e para mim foi fácil. Quando terminei o curso a escola em que eu estudava (FISK) me convidou para dar aulas de reposição. Dei-me bem nisso e no semestre seguinte eu já tinha minhas turmas, muitas delas compostas de pessoas bem mais velhas do que eu mas tudo transcorreu como o desejado.
Quando chegou a hora de fazer vestibular acabei por optar por Publicidade e Propaganda. Completei o curso na PUCC e depois fui para São Paulo para trabalhar na área de produção de eventos, mas nunca deixei de dar aulas, entende? Em São Paulo tive uma experiência muito boa dando aulas de Português para Estrangeiros.

2 – O que te impulsionou a ser guia de agência de turismo? Você já imaginava que seria?

            Jô - Pois é, o mais incrível é que o curso de Propaganda que fiz se enquadra na área de Comunicação Social e uma das opções nessa área é o Turismo. Mas até então eu não dava importância para isso.
            Alguns anos depois uma grande amiga minha passou a trabalhar como Guia de Turismo na Disneyworld para uma empresa muito famosa na época: Dimensão Turismo.
Fiz uma entrevista e fui aprovado em quase todos os sentidos, exceto pelo fato de que eu nunca havia estado na Disney. Como diziam os antigos: enfiei minha viola no saco e voltei para casa.
No ano seguinte, um empresário que já havia morado em São Carlos e para o qual eu já havia feito trabalhos leves para a agência de viagens dele, decidiu abrir uma operadora de turismo e resolveu me convidar para ser guia. Quase enfartei de felicidade e graças a ele acabei indo para a Disney sem conhecer mesmo, mas com a certeza de que lá eu teria um treinamento a ser dado pela equipe dele, o que ocorreu de forma muito legal.
Porém a operadora dele funcionou apenas naquele ano. Foi quando solicitei uma outra entrevista na Dimensão Turismo e que me foi concedida. Lá conversei com uma das donas da empresa, por sinal uma senhora muito educada e que entendeu meu argumento: “Agora eu já conheço a Disney.” Ela então acreditou em mim,(o que agradeço muito até hoje) e trabalhei para eles nos anos de 96, 97 e 98.
            No entanto creio que em 98 houve uma série de problemas na economia brasileira, o dólar subiu em escala absurda e até as grandes operadoras foram à bancarrota. Adivinha o que aconteceu? Perdi meu emprego de Guia de Turismo.
Tal situação durou até 2006. O empresário que eu mencionei anteriormente tem duas filhas e uma delas havia sido minha aluna em São Carlos e havia me localizado no ORKUT. Ele estava morando em São Paulo e trabalhando para a CVC Viagens (onde ainda trabalha). Ele estava organizando o Departamento Flórida e resolveu localizar guias antigos que haviam trabalhado com ele. Fui convidado, aceitei e estou muito feliz por trabalhar com eles há 6 anos. Em função das minhas aulas trabalho apenas em época de temporada, mas também tive a oportunidade de ampliar meus horizontes para Nova Iorque e Las Vegas.

3 – Qual uma frase que te motive ou que você ache importante para uma reflexão?
           
Jô - Antes de deixar minha frase quero esclarecer que ao usar o temo espíritos me refiro ao ser interior que todos nós levamos conosco e não apenas a seu significado quando aparece em Espiritismo ou Espiritualismo.

Minha frase é:

Os espíritos são semelhantes aos paraquedas: só funcionam quando abertos.


4 – Agora, sobre a vida. Como você a vê?

            Jô - Procuro ver a vida como um aprendiz. Ao deixarmos esse mundo não levaremos nada de material, apenas nossas emoções e lembranças, e isso me basta.

5 – De que maneira você ultrapassa os obstáculos nela encontrados?

          Jô -  Sou Espírita desde a minha mais tenra infância. Sempre aprendi que aprendemos pelo amor e pela dor. Faço minhas preces, converso francamente com Deus e com meus parceiros do lado de lá que sempre iluminam meu caminho. Mas ainda tenho tantas imperfeições!!!


6 – Como é sua relação com a religião, com um lado mais espiritual?

          Jô -  Continuando o que foi dito na resposta anterior, não que eu seja estoico, mas acho que nada nos acontece por acaso. Minhas experiências, boas ou ruins, são minhas porque eu tenho a aprender com elas. A palavra Religião vem do verbo RELIGAR, ou seja, contato constante entre Criador e Criatura. Mas ultimamente tenho tido leituras muito frutíferas sobre a visão de Religião na Índia. Depois disso parei de ver Deus como algo externo a mim. Eu sou Deus assim como tudo o que existe também o é.



7 – Você lida facilmente com as múltiplas possibilidades que ela nos oferece?

          Jô -  Sou Sagitariano e sendo assim não piso em ovos. Porém às vezes acho que essa postura me leva a perder certas possibilidades na vida. Mas procuro abraçar tudo o que é bom e me afastar do que se me apresenta com o possível lado negro do egoísmo.

8 – Como é sua relação com o aluno?

          Jô -  Amo meus alunos. Aprendo mais com eles do que eles comigo. O fato deles talvez não terem consciência disso torna nossa relação mais inocente, mais pura. Claro que tenho problemas e sei que não sou gostado 100% mas isso faz com que eu me sinta normal. Mas sempre vejo os conflitos professor-aluno como transitórios. Depois de um tempo eles crescem como pessoa e eu também, e muitas vezes passam a frequentar minha casa, tornam-se meus amigos e isso me dá muita alegria.

9 – O que você espera que aprendam, fora a matéria já programada? Alguma lição para a vida?

          Jô -  Esperam que aprendam sobre o otimismo. A meu ver todo professor deve passar a seus alunos uma mensagem de otimismo e reflexão. Sei que sendo lido agora posso passar por piegas mas acredito que devemos sempre rir com a vida. Para chorarmos ela mesma já nos reserva certos momentos, como a perda de entes queridos, por exemplo.

10 – Você acredita em coincidência? Ou em destino?

Jô - Essas duas palavras se confundem, se entrelaçam, não sei. E também me assustam pela força que carregam. Procuro sempre buscar algo de bom nas situações; acho que se ficarmos parados pensando se um tal evento da nossa vida é coincidência ou destino desperdiçamos um tempo que poderia ser usado para desfrutar o momento verdadeiramente, entende?

11 – Qual sua filosofia de vida?

          Jô - Ser grato, como sou grato a você nesse momento por me propiciar olhar para mim mesmo com sinceridade e compreensão.


12 – O que você esperava desta entrevista? Qual sua ideia dela antes de lê-la?

           Jô - Sem querer puxar seu saco Guilherme, eu esperava cumprir o que você esperava de mim nas minhas respostas. Você é um garoto muuuuuuuuuuuuuuito gente boa, educado, enfim não é fácil contentar uma pessoa como você.
            E mais uma vez muito obrigado mesmo pela oportunidade de aparecer no seu blog. É uma honra para mim.


Muito Obrigado!!!



quinta-feira, 26 de julho de 2012

Féria e projetos: dupla insaciável

    Quando chegam as férias, além de descansar e passar horas e horas na internet, fazemos projetos. Projetos de vida, de criação e criatura, de imaginação, de pesquisa, de escrita e leitura, enfim, são muitos. E em cada um deles é preciso o máximo de dedicação.
    Confesso que fiz os meus neste mês. Não sei se totalmente cumpridos foram, mas um "pontapé" inicial foi dado. Tive como base meus escritos, minhas leituras... E  minhas linhas de pesamento.
    Sem revelar mais nada, só digo que comecei a concretizar 3 deles. Um sobre "Alice no País das Maravilhas", outro sobre Nice, minha personagem querida, e o último sobre uma conversa, sobre livro... 
    E nesta dupla, entre férias e projetos, é onde as melhores ideias são desenvolvidas, onde os pensamentos são condensado e tornam-se frutos de uma enorme criatividade de cada um.

   Espero que estes exemplos sirvam de incentivo para os novos leitores e escritores que, em suas férias, (re)descobrem o gosto da leitura, o aroma da escrita e o doce e suave olhar observador de um escritor desenvolvendo-se em artista.

Abraço leitor!
 

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Vivian


A quinta homenagem é para minha professora até a 7a série.

   A um tempo atrás, as aulas de histórias e os conhecimentos nela atrelados eram um sério problema de entendimento para mim. Mas aos poucos meu gosto pelas aulas começou a aumentar, eu começava a entender. As desventuras da história eram, cada vez mais, adoradas por mim e fixadas em minha mente durante as ótimas explicações, os trabalhos, e todas as aulas. E você foi uma das pessoas mais importantes nesta jornada.
   As aulas diferenciadas, todo o conhecimento visto em seus olhos, as explicações, o carinho ao explicar, o modo de falar, a paixão pela história tão bem dita. Enfim, foram aulas inimagináveis, nunca mias esquecidas, e pelo contrário, sempre lembradas.
   Sim. As aulas acabaram. Mas não é por isto que deixei de me comunicar com ela. Via Facebook ou email, trocamos e compartilhamos ideias e isto que me deixa ainda mais feliz. Poder reconhecer o maravilhoso trabalho de uma professora que aos poucos foi tornando-se também amiga.
   E o que tenho a dizer é somente meu Muito Obrigado!
   Obrigado por fazer parte da minha jornada estudantil e saiba que sua participação foi de enorme importância.
 
  É, só tenho a agradecer!!!

quinta-feira, 31 de maio de 2012

A violência provém da “maçã” globalizada

  
 Texto para as aulas de redação da escola...
    Espero que gostem!!!



A violência provém da “maçã” globalizada

            Há anos que homens e mulheres estabelecem diversas relações entre si. Uma delas é o casamento. A formação de casais que, teoricamente ficarão juntos. E, com o passar do tempo, a sociedade foi incorporando novas atitudes, como a união de homossexuais. Mas isto, hoje, ficou preocupante.
            Todo o preconceito existente contra homossexuais pode ter-se originado com as antigas influências religiosas. A igreja católica adotou por muito tempo a ordem natural para a reprodução humana, sendo constituída por um homem e uma mulher que juntos, perpetuariam a espécie. Um dilema impactante, mas que ficou registrado no tempo até os “dias de hoje”. Ou quase.
            A homossexualidade começou a ser aceita pela justiça e tornou-se um enorme alvo para as críticas contemporâneas. O preconceito que rodeia esta situação é muito frequente. E a violência contra estas pessoas vêm aumentando bastante. O desrespeito com a opção sexual de cada um é um enorme passo para o abismo, para a decadência da sociedade inteligente e tecnológica em que vivemos. O respeito é o elo que une uma nação, e não podemos deixá-lo romper.
            Analisando a visão geral do homem, temos que, para ele, é mais estranho ver um casal masculino de homossexuais, do que um feminino, pois este é visto como fantasia sexual e aquele como símbolo de nojo, de algo errado. Já na visão feminina é o contrário. O casal masculino é mais comum e o feminino é visto como pecado. E daí provém a violência. Mais por parte do homem do que pela mulher. Esta analisa a situação e aquele parte para a força corporal. Como se esta força mudasse a opção sexual escolhida.
            Devemos pensar sobre a origem da palavra “casal”. Segundo o dicionário da língua portuguesa, casal é um par formado por macho e fêmea, marido e mulher, ou por duas coisas iguais. Então, para quê contradizer esta afirmação criticando o homossexualismo? Porque a violência contra pessoas como nós? Apenas pela opção sexual? O planeta não é mais de Adão e Eva. A “maçã” já está globalizada. É fertilizada e adaptada ao novo mundo. Nosso mundo de diversidades étnicas e culturais.
            É evidente que, nem casais hetero nem homossexuais devem desrespeitar outras pessoas, outros casais. E sim, deve-se estabelecer uma relação harmoniosa, respeitosa.
            Os preconceitos vêm do próprio “berço”. E isto deve acabar. “O homem nasce bom, a sociedade corrompe”, como bem disse Rousseau. E o homossexualismo precisa ser livrado do clichê de ser pecado. A violência tem que parar!

terça-feira, 22 de maio de 2012

Jacintos de quem entendo

   De Jacintos que conheço, este é um tanto quanto conturbado. Nas dualidades em que vive, depara-se com dois tipos de ser: o ser urbano e o ser rural. O da cidade e o das serras. Mas por incrível que pareça, um conflito interior mudou tudo.
   Das riquezas de seu "palácio" em Paris cada gota de espanto era pouco diante a jarra de susto lá encontrada. Era muita coisa, muito dinheiro, muita inutilidade. E com isso, vêm-nos a revelação: descendia de Portugal, nascera lá, e o "bando" de Jacintos também vinha de lá. De Tormes. Mas fujamos de seu passado incontestável e, por ele, esquecido.
   Certamente lá no 202 a vida não era de se queixar. O esplendor tecnológico em pleno fim do século XIX era bem-visto por José Fernandes. Bem questionado e comentado. A ponto do tal "príncipe da Grã-Ventura" propor que a máxima ciência, o conhecimento "absoluto", resultava na maior felicidade. A felicidade em função do conhecimento. Para mim, a equação matemática mais hipócrita de todos os tempo. Enfim, era a civilização,
como bem nos dizia o Jacinto. Nas bestialidades surgia a civilização, "- Eis a Civilização!" como bem me dizia.
   Nada como mais de 32 mil livros em uma casa, ou até um abotoador de ceroulas. E que tal relembrar o episódio do peixe. O peixe de Sua Alteza. É, a civilização resolveu "passar a perna" no homem, no meu querido Jacinto. "... na sua luta conta a Força e a Matéria." "... afundado em sua mole densidade." concluímos, ou melhor, Zé Fernandes conclui que "Era fartura." e Grilo afirma: "S. Exa. sofre de fartura.". E não o é?
   Mas o que fez Nossa Exa., o Seu Jacinto, concluir que é a cidade a maior das ilusões? Será a falta de conforto ou dinheiro? Não. É o transbordar de razão, abuso tecnológico, monotonia da civilização.
   Eis que, passado um tempo, passa a viver mais intensamente esse trastorno. Como tens vivido? Como um morto. São suas palavras. E sem mais, que de conflitos já os temos bastante. Deixe isso de lado, e prosseguimos com a revolução.
   Jacinto decide que "- Zé Fernandes, vou partir para Tormes.". Decide retomar as serras. Manda reformar a casa que lá tinha, mas como a civilização não ajudou, o destinatário não recebe a carta, e assim, não responde. E decide prosseguir pra lá. Sem desapegar-se totalmente da Cidade: " - É muito grave deixar a Europa". Mesmo que grave, para mim, Portugal, Tormes, Continuam na mesma Europa, mas pra ele, saíra da civilização. E ao chegar afirma que " - Então é Portugal hem? ... Cheira bem". E que de cheiro entendes?
   Ao chegar e não encontrar nada, sem casa reformada, sem cozinheiro, Jacinto sente-se "... atrás, no burro de Sancho", nas "barbas" de Dom Quixote.
    Realmente Jacinto tem carência de fome, que mesmo "longe da fartura de Tormes", sacia-se com um frango. E Descartes que o diga. Ele que tanto influenciou, meu amigo Jacinto nessas épocas.
    Passam-se cinco semanas e Nossa Exa. continua lá nas Serras. Zé Fernandes ria e ao mesmo tempo, Jacinto ia dando dinheiro aos "pombos". Certamente ele começara a corromper a cidade. Afinal, o "homem é bom, a sociedade corrompe". E nem preciso citar o nome, né?
    E as contradições socialistas, então, vêm à tona. Se Jacinto fosse, realmente, socialista, estaria no mesmo patamar que os "pombos", dando todo seu patrimônio para o bem deles.
    Bom, sem mais delongas. Mesmo sendo confundido com ajudante de D. Miguel, casa-se e continua a viver no "Castelo da Grã-Ventura", nas Serras.

  A Cidade: Paris. As Serras: Portugal, Tormes. E Jacinto: meu caro amigo!


E assim descrevo, caros leitores, o livro, a história dele, da "Cidade e As Serras", do genial Eça de Queirós!  Que li para as aulas de Literatura para Vestibular.

Espero que gostem e apreciem!!!
Espero

sexta-feira, 11 de maio de 2012

As leis á frente e a religião ao lado


Texto escrito para as aulas de redação!
Espero que gostem!!!



As leis á frente e a religião ao lado

            “Um padre bateu o carro em um poste, na madrugada de sábado, em Santa Catarina. Bêbado, ele dirigiu quase dois quilômetros na ‘contramão’ e, sem causar um maior acidente, envolvendo outros veículos e pessoas, bateu em um poste e está internado em estado grave no hospital municipal”.
            Este caso é um tanto quanto impactante, afinal, um padre cometeu um erro gravíssimo como qualquer outra pessoa poderia ter cometido. Porém, aos olhos da sociedade isto é inadmissível. Um padre, certo de que deve seguir as leis inclusive de sua religião e de todo o país, tem que estar ciente do que pode ou não fazer, no que deve ou não abusar. É assim que muitos pensam. O que é totalmente errado.
            Não podemos pensar que por seguir firmemente as crenças de uma religião, o padre é diferente. Ele comete erros e acertos como todos, assim como toma suas próprias decisões. E isto, observamos desde a antiguidade.
            Há muitos anos vemos como a igreja se impõe diante da sociedade. Sendo pioneira ou não, ela recebe críticas e elogios como qualquer “reizinho” que vemos por aí, como qualquer classe social. Várias contradições foram estabelecidas entre ela e a nobreza. Papas e padres muitas vezes burlavam as exigências políticas da época. E isto se tornou normal, fez parte da história e da construção cultural de cada civilização. Mas voltamos à atualidade!
            Independente de quem seja o acidentado, o que podemos dizer é que este padre infringiu a lei seca. Ele dirigiu embriagado, na “contramão”, correndo o risco de causar maiores acidentes, até bater em um poste. E como qualquer outro, deve ser punido. Devemos sentir vergonha e não espanto ao vermos que foi um padre o responsável. Vergonha de mais uma vez, um grande descuido de alguém cauda tanta repercussão.
            São em situações como esta que devemos esquecer a etnia, a classe social, a religião e o emprego para considerarmos todos como iguais. Para vermos as leis sendo descumpridas e lidarmos com este caso.
            Quem descumpre as leis deve ser responsabilizar por seus atos, por arriscar sua vida e a dos outros, por ter o costume de desrespeitá-las, inexistente antigamente. E que há tempos vêm aumentando. A ponto de um padre... Bom, não voltamos às discussões.
            A sociedade tem suas opiniões e não nos basta querer mudar, temos que agir!