terça-feira, 22 de maio de 2012

Jacintos de quem entendo

   De Jacintos que conheço, este é um tanto quanto conturbado. Nas dualidades em que vive, depara-se com dois tipos de ser: o ser urbano e o ser rural. O da cidade e o das serras. Mas por incrível que pareça, um conflito interior mudou tudo.
   Das riquezas de seu "palácio" em Paris cada gota de espanto era pouco diante a jarra de susto lá encontrada. Era muita coisa, muito dinheiro, muita inutilidade. E com isso, vêm-nos a revelação: descendia de Portugal, nascera lá, e o "bando" de Jacintos também vinha de lá. De Tormes. Mas fujamos de seu passado incontestável e, por ele, esquecido.
   Certamente lá no 202 a vida não era de se queixar. O esplendor tecnológico em pleno fim do século XIX era bem-visto por José Fernandes. Bem questionado e comentado. A ponto do tal "príncipe da Grã-Ventura" propor que a máxima ciência, o conhecimento "absoluto", resultava na maior felicidade. A felicidade em função do conhecimento. Para mim, a equação matemática mais hipócrita de todos os tempo. Enfim, era a civilização,
como bem nos dizia o Jacinto. Nas bestialidades surgia a civilização, "- Eis a Civilização!" como bem me dizia.
   Nada como mais de 32 mil livros em uma casa, ou até um abotoador de ceroulas. E que tal relembrar o episódio do peixe. O peixe de Sua Alteza. É, a civilização resolveu "passar a perna" no homem, no meu querido Jacinto. "... na sua luta conta a Força e a Matéria." "... afundado em sua mole densidade." concluímos, ou melhor, Zé Fernandes conclui que "Era fartura." e Grilo afirma: "S. Exa. sofre de fartura.". E não o é?
   Mas o que fez Nossa Exa., o Seu Jacinto, concluir que é a cidade a maior das ilusões? Será a falta de conforto ou dinheiro? Não. É o transbordar de razão, abuso tecnológico, monotonia da civilização.
   Eis que, passado um tempo, passa a viver mais intensamente esse trastorno. Como tens vivido? Como um morto. São suas palavras. E sem mais, que de conflitos já os temos bastante. Deixe isso de lado, e prosseguimos com a revolução.
   Jacinto decide que "- Zé Fernandes, vou partir para Tormes.". Decide retomar as serras. Manda reformar a casa que lá tinha, mas como a civilização não ajudou, o destinatário não recebe a carta, e assim, não responde. E decide prosseguir pra lá. Sem desapegar-se totalmente da Cidade: " - É muito grave deixar a Europa". Mesmo que grave, para mim, Portugal, Tormes, Continuam na mesma Europa, mas pra ele, saíra da civilização. E ao chegar afirma que " - Então é Portugal hem? ... Cheira bem". E que de cheiro entendes?
   Ao chegar e não encontrar nada, sem casa reformada, sem cozinheiro, Jacinto sente-se "... atrás, no burro de Sancho", nas "barbas" de Dom Quixote.
    Realmente Jacinto tem carência de fome, que mesmo "longe da fartura de Tormes", sacia-se com um frango. E Descartes que o diga. Ele que tanto influenciou, meu amigo Jacinto nessas épocas.
    Passam-se cinco semanas e Nossa Exa. continua lá nas Serras. Zé Fernandes ria e ao mesmo tempo, Jacinto ia dando dinheiro aos "pombos". Certamente ele começara a corromper a cidade. Afinal, o "homem é bom, a sociedade corrompe". E nem preciso citar o nome, né?
    E as contradições socialistas, então, vêm à tona. Se Jacinto fosse, realmente, socialista, estaria no mesmo patamar que os "pombos", dando todo seu patrimônio para o bem deles.
    Bom, sem mais delongas. Mesmo sendo confundido com ajudante de D. Miguel, casa-se e continua a viver no "Castelo da Grã-Ventura", nas Serras.

  A Cidade: Paris. As Serras: Portugal, Tormes. E Jacinto: meu caro amigo!


E assim descrevo, caros leitores, o livro, a história dele, da "Cidade e As Serras", do genial Eça de Queirós!  Que li para as aulas de Literatura para Vestibular.

Espero que gostem e apreciem!!!
Espero

2 comentários:

  1. teu olhar leitor que provoca encantos, gui.

    grande abraço!

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    1. Fico feliz que achas isto. e quem dera, eu que tanto me encantei e ainda me encanto com suas escritas, poder encantá-lo também... Um grande abraço Íta!

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