De Jacintos que conheço, este é um tanto quanto conturbado. Nas dualidades em que vive, depara-se com dois tipos de ser: o ser urbano e o ser rural. O da cidade e o das serras. Mas por incrível que pareça, um conflito interior mudou tudo.
Das riquezas de seu "palácio" em Paris cada gota de espanto era pouco diante a jarra de susto lá encontrada. Era muita coisa, muito dinheiro, muita inutilidade. E com isso, vêm-nos a revelação: descendia de Portugal, nascera lá, e o "bando" de Jacintos também vinha de lá. De Tormes. Mas fujamos de seu passado incontestável e, por ele, esquecido.
Certamente lá no 202 a vida não era de se queixar. O esplendor tecnológico em pleno fim do século XIX era bem-visto por José Fernandes. Bem questionado e comentado. A ponto do tal "príncipe da Grã-Ventura" propor que a máxima ciência, o conhecimento "absoluto", resultava na maior felicidade. A felicidade em função do conhecimento. Para mim, a equação matemática mais hipócrita de todos os tempo. Enfim, era a civilização,
como bem nos dizia o Jacinto. Nas bestialidades surgia a civilização, "- Eis a Civilização!" como bem me dizia.
Nada como mais de 32 mil livros em uma casa, ou até um abotoador de ceroulas. E que tal relembrar o episódio do peixe. O peixe de Sua Alteza. É, a civilização resolveu "passar a perna" no homem, no meu querido Jacinto. "... na sua luta conta a Força e a Matéria." "... afundado em sua mole densidade." concluímos, ou melhor, Zé Fernandes conclui que "Era fartura." e Grilo afirma: "S. Exa. sofre de fartura.". E não o é?
Mas o que fez Nossa Exa., o Seu Jacinto, concluir que é a cidade a maior das ilusões? Será a falta de conforto ou dinheiro? Não. É o transbordar de razão, abuso tecnológico, monotonia da civilização.
Eis que, passado um tempo, passa a viver mais intensamente esse trastorno. Como tens vivido? Como um morto. São suas palavras. E sem mais, que de conflitos já os temos bastante. Deixe isso de lado, e prosseguimos com a revolução.
Jacinto decide que "- Zé Fernandes, vou partir para Tormes.". Decide retomar as serras. Manda reformar a casa que lá tinha, mas como a civilização não ajudou, o destinatário não recebe a carta, e assim, não responde. E decide prosseguir pra lá. Sem desapegar-se totalmente da Cidade: " - É muito grave deixar a Europa". Mesmo que grave, para mim, Portugal, Tormes, Continuam na mesma Europa, mas pra ele, saíra da civilização. E ao chegar afirma que " - Então é Portugal hem? ... Cheira bem". E que de cheiro entendes?
Ao chegar e não encontrar nada, sem casa reformada, sem cozinheiro, Jacinto sente-se "... atrás, no burro de Sancho", nas "barbas" de Dom Quixote.
Realmente Jacinto tem carência de fome, que mesmo "longe da fartura de Tormes", sacia-se com um frango. E Descartes que o diga. Ele que tanto influenciou, meu amigo Jacinto nessas épocas.
Passam-se cinco semanas e Nossa Exa. continua lá nas Serras. Zé Fernandes ria e ao mesmo tempo, Jacinto ia dando dinheiro aos "pombos". Certamente ele começara a corromper a cidade. Afinal, o "homem é bom, a sociedade corrompe". E nem preciso citar o nome, né?
E as contradições socialistas, então, vêm à tona. Se Jacinto fosse, realmente, socialista, estaria no mesmo patamar que os "pombos", dando todo seu patrimônio para o bem deles.
Bom, sem mais delongas. Mesmo sendo confundido com ajudante de D. Miguel, casa-se e continua a viver no "Castelo da Grã-Ventura", nas Serras.
A Cidade: Paris. As Serras: Portugal, Tormes. E Jacinto: meu caro amigo!
E assim descrevo, caros leitores, o livro, a história dele, da "Cidade e As Serras", do genial Eça de Queirós! Que li para as aulas de Literatura para Vestibular.
Espero que gostem e apreciem!!!
Espero
Sinta-se à vontade para mergulhar profundamente em um novo universo. Por entre as palavras existe um mundo confortável ao leitor. Prepare-se, pois as escritas daqui para frente serão experiências contagiosas! As novidades estão chegando, Nice está de volta!
teu olhar leitor que provoca encantos, gui.
ResponderExcluirgrande abraço!
Fico feliz que achas isto. e quem dera, eu que tanto me encantei e ainda me encanto com suas escritas, poder encantá-lo também... Um grande abraço Íta!
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