terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Nice e a vida - Capítulo III - Parte três


Foi estranho ouvi-lo. As palavras saíam de sua boca como farpas a atravessar meu coração. Ele não confiou em mim naquele dia. E isto me soou estranho. Lembro-me muito bem de suas palavras: “...não me siga nem espere nunca mais.” As duas últimas me deixaram pensativa. Como poderia ser fácil esquecê-lo depois de tanta conversa, tantos olhares? Não era possível. Não para mim. Demorei um bom tempo para me recompor e tentar continuar vivendo até encontrá-lo novamente. O que ainda me intrigava era o fato dele manter segredo quanto ao contrato com o Doutor C e o segredo atrelado a sua vida. Eu não conseguia mais ficar imóvel com tal situação. Segurei-o pelo braço e pedi para que olhasse para mim. Ficamos “cara a cara”, fitamo-nos, e reconheci em seu olhar o desespero de muita mentira e segredo fundidos ao fato de termos ficado longe. Larguei-o e fui ao parapeito da janela para conferir se a penumbra de uma manhã chuvosa era responsável pelo que acontecera instantes antes. Ele abraçou-me por trás e fez com que caíssemos no sofá, juntos, imóveis, intactos. Seu perfume servia-me de consolo por tanto tempo perdido. A essência de nossas almas era de uma simplicidade efêmera, porém real e valiosa. Nossos rostos, gélidos e pálidos, se encontraram. Era possível sentir o calor de suas aventuras e do meu amor. Um beijo foi o responsável por selar nosso encontro. Diante da chuva, dormimos naquele fim de manhã. A conversa de outrora já nos tinha cansado demais. Deixamos a preocupação de lado e dormimos.

Continua na próxima semana... 

2 comentários:

  1. Guilherme, adorei!!! Seu futuro é muito promissor como escritor! Parabéns!!!

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  2. Muito obrigado Luisa... São essas as coisas que mais amo: escrever, desenhar e pintar(utilizando diversos materiais, lápis grafite, giz pastel, aquarela,...)e atuar... Que bom que gostou, beijos

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