terça-feira, 13 de novembro de 2012

Nice e a vida - Capítulo III - Parte um


III. Conversa pouco menos que dolorosa

Poucos segundos após minha chegada em sua casa, voltei a ficar imóvel. A chuva que escorria pelas sinuosidades de meu corpo fazia-me tremer de frio. Eu continuava sem coragem de bater na porta, por mais sutil que fosse. Gradualmente a chuva foi aumentando, assim como os calafrios pelo corpo. Minha imobilidade já durava alguns minutos quando ele percebeu que havia alguém em frente à porta. Imaginei que minha sombra pudesse tê-lo assustado, mas logo concluí que não. Ele jamais se assustaria com essas coisas. Então abriu a porta e eu entrei, muda, molhada e espantada com a situação que acabara de encontrar.
Sem uma única pergunta, fui conduzida até a sala, ao lado esquerdo de um sofá, iluminada por resquícios de luz provenientes de um abajur. Na penumbra, só era possível observar a silhueta de seu corpo posicionado ao lado do meu, mesmo que ainda estivesse um pouco afastado. Foi preciso mais alguns minutos para se iniciar o diálogo.
Percebi sua hesitação em me perguntar como o encontrara. E para iniciar a própria conversa. Mas, aos poucos, a troca de palavras tornou-se fluente. Quis saber o porquê de ele ter sumido tão repentinamente. O que me foi respondido ricocheteou em minha mente. Disse-me: “Era preciso fugir. Naquele momento me senti perseguido. Você sabia muito bem o motivo para me encontrar ali, o motivo pelo qual eu gosto tanto da escrita e, naquele dia, não me atrevera a escrever uma só palavra. Você sabia de tudo. Tinha conhecimento do contrato de escrita que fiz. Eu não tinha alternativa, a não ser fugir deles e me afastar de você. Para protegê-la e nada mais.”.

Continua na próxima semana... 

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