Passaram-se mais uns cinco anos. Minha vida
estava basicamente estável. Nada de mais, nada de menos. Sem excessos ou
virtudes. Era um jogo de sobrevivência. Comia para não morrer de fome, estudava
para conseguir, talvez, um emprego melhor. Sim, eu trabalhava como balconista
em uma livraria. Um sebo na verdade. E ganhava muito pouco.
Na faculdade onde estudava eram poucos os
amigos. Na verdade, nenhum. Só os famosos colegas de sala que nada mais fazem a
não ser acompanhar-me no intervalo. E uma série de trabalhos estava por vir.
Eu, como sempre, estava sozinha nesta jornada, passando o dia inteiro na
biblioteca da faculdade estudando, fazendo e refazendo os trabalhos.
Pesquisando e pesquisando mais ainda. E foi em um desses dias, à tarde, que
reconheci uma pessoa que nunca tinha visto por lá e por alguns anos não via em
lugar algum. Era ele. O garoto. Mas não tive coragem de me aproximar. Na
realidade foram dias até que eu me adaptasse a sua presença diária e repentina
na biblioteca. Até que ele mesmo lançou-me olhares. Cada dia um mais
intrigante. E resolvi me aproximar. Cabelos embaraçados ao vento e com as armas
que eu precisava para me afastar rapidamente se for preciso: minhas pernas e
minha coragem.
Continua na próxima semana...
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