terça-feira, 2 de outubro de 2012

Nice e a vida - Capítulo II - Parte dois


Passaram-se mais uns cinco anos. Minha vida estava basicamente estável. Nada de mais, nada de menos. Sem excessos ou virtudes. Era um jogo de sobrevivência. Comia para não morrer de fome, estudava para conseguir, talvez, um emprego melhor. Sim, eu trabalhava como balconista em uma livraria. Um sebo na verdade. E ganhava muito pouco.
Na faculdade onde estudava eram poucos os amigos. Na verdade, nenhum. Só os famosos colegas de sala que nada mais fazem a não ser acompanhar-me no intervalo. E uma série de trabalhos estava por vir. Eu, como sempre, estava sozinha nesta jornada, passando o dia inteiro na biblioteca da faculdade estudando, fazendo e refazendo os trabalhos. Pesquisando e pesquisando mais ainda. E foi em um desses dias, à tarde, que reconheci uma pessoa que nunca tinha visto por lá e por alguns anos não via em lugar algum. Era ele. O garoto. Mas não tive coragem de me aproximar. Na realidade foram dias até que eu me adaptasse a sua presença diária e repentina na biblioteca. Até que ele mesmo lançou-me olhares. Cada dia um mais intrigante. E resolvi me aproximar. Cabelos embaraçados ao vento e com as armas que eu precisava para me afastar rapidamente se for preciso: minhas pernas e minha coragem.

Continua na próxima semana...

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