Senti-me muito estranha ao acordar. Estava em
outro lugar. Não sabia onde. Mas fui surpreendida quando ele entrou no quarto
segurando uma rosa e beijando-me para que acordasse. Fui presenteada. Acabava
de se passar o fim da tarde e iniciava-se a noite. Enquanto meu amado poeta
entregava-me a flor, percebi que estava no quarto de sua casa. De lá, voltamos
à sala e debatemos sobre a vida, nossas vidas, o que acontecera nesses anos.
Andei até o banheiro, preparando-me para um banho e ele, carinhosamente, foi
preparar-nos um jantar.
Voltei para a sala e observei as velas em
cima da mesa, a essência de primavera e seu corpo, sentado a minha espera.
Aproximei-me da cadeira onde sentei e, junto a ele, comi. Era um delicioso filé
com batatas e outros legumes junto a um molho de cogumelos que sempre revelei
gostar. Ao trocar olhares, percebemos o quão difícil foi estar longe. Por um
momento pensei que nunca mais teríamos problemas, que sempre ficaríamos juntos.
Mas, como nos atuais contos de “fada”, a existência do “felizes para sempre”
foi questionada e reafirmada negativamente. Não estávamos prontos para ficar
juntos mais uma vez. Isto que ele me disse. E completou: “precisamos de um tempo
parar refletir sobre os caminhos tomados por nossa história, devemo-nos amar
cada vez mais. Só que a situação está difícil para mim. Estou sendo pressionado
por todos, por tudo. Tenho medo de que alguma coisa aconteça a você caso
fiquemos juntos. O Doutor C e os outros me perseguirão. O horror atrelado à
raiva me consome.” A conversa terminou, achei estranha sua posição diante a
situação, mas estava demasiada cansada para questionar. Ouvimos algumas músicas
que relembravam os velhos tempos, de escola, de criança, de juventude. Então o
sono voltou e dormimos em sua cama.
Continua na próxima semana...
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