quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O garoto no convés - reflexões incertas

    Mais um livro fica agora diante de minhas reflexões, e este, "O garoto no convés", me foi muito prazeroso.

   Um menino, que por muito tempo viveu nas ruas, até encontrar um homem que desastrosamente mudou sua vida. Um homem que o levou ao mundo dos roubos e da prostituição. E definitivamente, não lhe era agradável.  Ele, John Jacob Turnstile, tem então a maior sorte de sua vida, talvez a maior mudança já ocorrida. Ele encontra um senhor, e larápio, rouba-lhe o relógio. E o senhor não fica bravo, e não o entrega a polícia. O público a sua volta que o faça. E fez. Mas mesmo assim, ele defende Turnstile e (sem mais delongas) tira-o da prisão e lhe dá a oportunidade de ajudar um capitão o Capitão Cook.
   Turnstile embarca então em uma viagem marítima, sendo criado do capitão. Embora todos se achando
melhores e mais importantes que ele, o próprio capitão passou a considerá-lo mais que a qualquer um.
    A viagem tem um objetivo: passar pelas Índias e ir atrás das frutas pão, muito valorizadas pelos ingleses.
  Depois de uma tumultuosa viagem, chegam a ilha onde encontra-se a fruta-pão. O contato com os habitantes é feito calmamente, e é preciso ficar alguns meses na ilha para plantar, colher e replantar as frutas pão. Até o momento a viagem não tivera sido tumultuosa, apenas uma grande carga de aprendizados. Na ilha, oficiais, marinheiros, independente da hierarquia naval, encontram prazer com as nativas. Aí está o problema. Alguns dias antes de voltarem de viagem, mais precisamente antes de embarcarem, protestos e confusões inundam o ambiente e como uma revoltosa e tumultuada tempestade, a maioria dos oficiais e marinheiros se volta contra o capitão, rouba-lhe o barco e deixa-o em alto mar, com apenas uns 15 seguidores. Incluindo Turnstile.
   Certamente roubaram-lhe o barco para voltarem a "ilha do prazer", e o Capitão e seus novos marujos, de igual para igual, viajam em um minúsculo bote.
    Muito difícil aguentar uma viagem assim: sem comida, com água fracionada, tendo que contar com a boa fé dos nativos das ilhas por qual passaram. Mas Cook está sempre pronto para encarar tudo. E salva quase todos. O primeiro que morre, é apedrejado por um nativo de uma ilha desconhecidas, alguns outros morrem por desidratação, logo ao chegar. Turnstile sobrevive e reencontra o homem que pro muitos anos o maltratou. Esquecendo-o e livrando-se dele, vive sua vida tornando-se mais a frente, Capitão.

   Só assim, que descrevo o livro, muito simples e sem mais delongas, afinal pra que demorar o pronunciamento de uma bela e emocionante história como esta. Aos que mais detalhes querem, leia-o. O livro espera-o. Devore-o como eu devorei. Leia. Viva. Sinta a emoção.

   Sem largar o livro, passei dias e dias lendo-o até realmente acabar e compreender tudo, cada vírgula e cada ponto. Maravilhoso. Uma leitura assim, como esta. Que traz a sensação, o sabor das letras na garganta, as letras que tantos outros escreveram e acertaram, como Camões, Machado de Assis, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, ou erraram, como muitos por aí que pelos ares do ofício tratam a escrita como escrava, escrava capaz de estragar um texto se sobrecarregada.
 
   Enfim, aos que tratam assim a escrita, que acordem do sonho e percam as rédeas das letras, das palavras, dos sentidos. E que fiquem sós, numa página em branco, afogados em lágrimas desesperadoras de personagens e leitores decepcionados. E aos que a tratam bem, que as lindas rosas proliferem em meio aos pequenos erros, às pequenas palavras mal escolhidas, lapidando os escritos e transformando-os em Camões (Mesmo que impossível).

Letra após letra

Quando uma leitura captura agente, fazendo-nos agarrar as páginas e soltá-las só ao término. Leituras essas, são as que nos marcam, nos prendem a atenção. Que nunca são esquecidas.

E não é preciso falar mais!